Viola pendurada ali no prego
Herança que eu carrego até o fim da minha vida
Viola que tocava pelas ruas
Em tantas noites de lua você foi a preferida
Viola que ponteava em serenata
Por toda zona da mata onde eu era morador
O meu parceiro que por lá ainda mora
Já não toca mais viola, já não é mais cantador
Viola quantas vezes debrucei
Em seu bojo solucei, chorei sem consolação
Há tempos nos meus braços não te pego
Mas viola eu te carrego dentro do meu coração
Viola velha amiga das serestas
Só você é o que me resta de um passado que morreu
Suas cordas já estão enferrujadas
Num cantinho abandonada solitária como eu
Viola está perto nosso fim
Pressinto dentro de mim o final dos dias meus
Sinto minhas forças fraquejando
Vejo se aproximando o momento do adeus
Viola em meu último abrigo
Eu quero junto contigo, só você que me consola
Eu quero escrito em minha campa esse letreiro
Aqui jaz um violeiro e sua querida viola