Passarinho, meu passarinho
Desapareceu no mato
E o mato, meu matinho
Desapareceu no fogo
Mas o fogo morreu cedo
Deixou cinzas no meu peito.
Meu tatu, meu tatuzinho
Se escondeu no buraco fundo
Homem cavou meio mundo
Mas a fome nunca passa
Quem ta vivo vira caça
Deixa o rosto de saudade.
Claras manhãs de setembro
Chuvarada do caju
Floração de aroeira
Doce mel do capuxu
Onde está a jandaíra?
Meu pé de mandacaru.
Meu índio, meu indiozinho
Sou caboclo amançado
Minha vó é gadadente
O cachorro bem treinado
Onde foram os meus parentes
Meu paraíso encantado.
Deixa eu cantar as mágoas
Sobre as águas poluídas
Deixa eu chorar as feridas
De minha terra e minha gente
Deixa eu plantar no presente
Uma canção doída.