Tardes passando ao sol
Bicho passando, pastando
Um pescador com seu filho molhando o anzol
Traíras, pintados, jundiás
Lambarís, mussuns e carás
Jacarés, sapos e aguapés
Há pouco era feliz
Ar tão limpo
Passarinhos, bem-te-vís
Um Oásis, um Olimpo
Flores, Árvores e campos
Às margens a lhe ornar
Borboletas e barrancos
Sabiás a cantar, a cantar, a cantar
Passava o dia a sonhar
Que alí um dia
Voltasse a ser outro lugar
Apagaria o sofrer
Seu vergonhoso penar
Corre hoje valo imundo
Suas margens paredões
Em meu peito um talho fundo
Pistas, carros, caminhões
E em meio ao lodo, a lhe ornar
Garças brancas a pescar
Peixe que já não há
Ontem canoa vagarosa perdida no tempo
Hoje ponteiros em movimento
Ontem prado verde e céu azul
Hoje lixo em caixas de cimento
E lá se va o momento
De quando o mundo era nú