Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com letra bonita eu disse ela tinha
Um sorriso luminoso tão triste e gaiato
Como o Sol de Novembro brincando de artista
Nas acácias floridas, na fímbria do mar
Sua pele macia era sumauma
Sua pele macia cheirando a rosas
Seus seios laranja, laranja do Loje
Eu mandei-lhe essa carta e ela disse que não
Mandei-lhe um cartão que o amigo Maninho tipografou
Por ti sofre o meu coração
Num canto sim noutro canto não
E ela o canto do não dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
Pedindo e rogando de joelhos no chão
Pela Senhora do Cabo, pela Sta. Efigénia
Me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não
Mandei a Vó Xica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço bem forte e seguro
E dele nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou
Andei barbudo, sujo e descalço
Como um monangamba procuraram por mim
Não viu ai não viu o Benjamim
E perdido me deram no morro da Samba
Para me distrair levaram-me ao baile
Do Sr. Januário, mas ela lá estava
Num canto a rir, contando o meu caso
Às moças mais lindas do Bairro Operário
Tocaram uma rumba e dancei com ela
E num passo maluco voámos na sala
Qual uma estrela riscando o céu
E a malta gritou: "Aí Benjamim"
Olhei-a nos olhos sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo, la la la la la
E ela disse que sim