(“Aô, vamo buscá boiada, moçada!”)
De Minas para São Paulo
Eu saí com a boiada
Naquele tempo não tinha
Carretas pelas estradas
O transporte era por terra
À cargo da peonada
Homens duros e valentes
Não tinham medo de nada
Numa tarde de agosto
A fumaça era cerrada
O céu cobriu-se de poeira
Com o estouro da boiada
(Na frente ia meu mano
Homem que nada temia
Nunca pensava que a morte
Lhe rondava aquele dia
Seu cavalo bem cansado
Perdendo as forças caía
Enquanto ele agonizava
Bem triste o gado seguia
Quando lembro deste fato
Meu corpo todo arrepia
Meu irmão já estava morto
Mas seu berrante eu ouvia)
Pela alma de papai
Desesperado eu pedia
Que salvasse vosso filho
Eu juro que não sabia
Que ele já tinha morrido
Quando este apelo eu fazia
Já era tarde demais
Ele não mais existia
Mas a alma de papai
Provando que me atendia
Na mão de seu filho morto
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