Coração tipo Pangeia, aos poucos se partindo
Sem amor um meteoro fez a alma um ser extinto
E por instinto, o sangue derramado faz sorrisos
O homem chega ao seu fim porque deu fim aos seus princípios
Era uma vez, alguém que deu sua vez de boa fé
E a boa fé mais uma vez é infiel e ré
De seus pecados, contabilizados mas nunca contados
Colecionados dentro de um colchão, dinheiro guardado
Assim como rancor, dose de rum, licor
O álcool sobe, um corpo cai, um prazo expirou
Aos poucos nos matando e aos muitos sendo pouco humanos
São muitos drinques de ódio e poucos que amamos
Chamo o garçom e peço uma rodada dupla
É mais fácil cê beber a raiva que engolir a culpa
Eu jogo um tanto pro santo, porque que ele merece
A gente é que perdeu o direito de ter atendida as preces
Não existe amor, não existe amém
Não existe liberdade, nem quem libertas também
Tudo bem, mas a gente não pode ter tudo
Ter o mundo tira o seu sentido, cego, surdo, mudo
As pessoas perdem o tato, aos pouco perdem contato
Perdem sua validade e o que é bom não foi usado
Novinho em folha como a folha do seu testamento
E a corda que enrola o seu pescoço e solta seu tormento
Vai com Deus, que o diabo tá te esperando na porta
Não pense que tua alma foi salva porque tu ora
E agora? Cê deita na cama que é lugar quente e chora
As consequências dos teus atos refletem tua história
Não existe amor, palavras causam dor
Do perdão dado agora ainda resta rancor
O mundo é o real mas os abraços são falsos
O ódio deixa estilhaços que cortam meus pés descalços
As luzes dos postes e prédios iluminam a visão
E remédios sem receita combatem depressão
Joelhos feridos oram pedindo salvação
Vidas vazias preenchidas com a arma na mão
Heróis estão em falta, mas os bandidos não
Sem condições de trabalho escolhe outra profissão
Na verdade o amor existe, o que falta é alguém que insiste
Quantas vezes você sorri nesse mundo tão triste
Pela janela do busão a vista é julgamento
A mochila entre os braços, tem que ficar atento
O tempo é um remédio que às vezes não surte efeito
Mas uma remessa de corações com defeito
Fechando os olhos eu posso viver
Um mundo novo e o real vou esquecer
E se dizem que o amor já se extinguiu
Lembre-se que um dia, ele já existiu