Eu vejo meu povo descalço
Seguindo a estrada vermelha
Mordendo a mordaça do laço, melaço
Babando no barro de telha
Meu povo pisando o cascalho
Fugindo daquele curral
Parece perdido espantalho, no atalho
Cercado no próprio quintal
Meu povo é ave ferida
Vagando lá no arraial
Expulso da casa da vida, vazia
Fatia da terra natal
Meu povo seguindo o caminho
Escrito no santo missal
Caminho de pedra de pedra de ponta
Um dia desponta num ponto final
Meu povo buscando a cidade,
Boiada na estrada fatal
Cercada, tangida, pisada e marcada
Com espinhos do roseiral
Na estrada vermelha do tempo
Adeus é lençol no varal
Meu povo dançando no vento da sorte
Da morte do medo e do mal