Jurado de morte pela justa
o malandro bem sabe o que lhe custa
três gatos pingados, a escopeta
e esperar pelo instante final
O morro cercado, sem saída,
uma pá de meganha na subida
revistando a moçada, pente fino,
na caça de um marginal.
Vem um e diz coitado
o outro acha bem feito
pra um é um cabra de peito
pra outro um nego safado.
Lá embaixo, quem tem, se tranca,
a imprensa fala da renda,
Senado quer uma emenda
e o povo pede "mão branca".
Fogo, bala,
o corpo jaz e quem vê
não vê, não fala, vela,
era um rapaz da favela que uma vez
jogado, sem volta, nesse mal,
agora, vai pro médico legal.
No dia seguinte, nó desfeito,
o malandro tem o seu direito:
três palmos de terra, cova rasa,
e a notícia no jornal.