A gente anda descalço
Caminha pelas tabelas
Habita alguma favela
Pendura a linha do trem
A gente torce domingo
Segunda é outro dia
Repete a mesma agonia
Enquanto a morte não vem
A gente mal sabe ler
Tropeça pelas esquinas
Vendemos nossas meninas
Senhores pagam pra ver
A gente acorda bem cedo
Com medo vai trabalhar
Vivemos a gargalhar
Do nosso próprio sofrer
A gente entrega pra Deus
É sempre a mesma rotina
Velado se discrimina
Estando na mesma vala
A gente vive por fora
Não presta muito atenção
Assina submissão
Consente aquele que cala
A gente crê no talvez
Espera sempre o amanhã
Mesmo que seja tardã
Não deixa de acreditar
A gente crê no esforço
Completo, individual
E que o caminho é igual
Basta querer pra chegar
Será?
Será?
Será?