O nosso gado anda escasso
Vai dando vaza ano a ano
Ao pinheiro norte americano
Que vem ganhando espaço
Já nao vejo tropas no passo
Das carretas só a carcaça
Mas tenho confiança na raça
Do homem campeiro serrano
E que o boi crioulo lageano
Não fique so na estatua da praça
Foste o primeiro nas tropeadas portuguesas
Desde a firmeza nas carretas primitivas
Queimas nativas povoavam na passagem
Desta paragem pra morada dos birivas
Assim bendito os tutanos desses taitas
Que fez cruzar a serra grande pra o planalto
E aqui no alto pela força destes pastos
Deixaram rastros pra depois seguir no asfalto
Moço farrapo deve muito a ti parceiro
Foste o guerreiro dos "municios" na s encostas
Que na peleia a cada barros sustentaram
Por ti forjaram a alcunha boi de botas
Raça antiga que o tempo nao derrota
Que se alvorota a cada nova primavera
Que aqui na serra nessas antigas estancias
Ficou costeando a volta de alguma tapera
E eu tambem sou nativo e serrano
Xiru paysano criado no campo aberto
E tem de perto uma conciencia crioula
Que o franqueiro nao tenha um futuro incerto
O tempo passa mais o que é bom permanece
Leve contigo essa confiaça na raça
Guardem amigos este rico patrimonio
Pra que nao fique só a estatua da praça
Eu tenho fé que cruzara o nosso tempo
Pra ser sustento dos novos campejanos
Pela conciencia que foi preservado
E batizado boi crioulo lageano
Ainda eu sonho em chegar no fim de tarde
O sol que arde na silhueta das coxilhas
A cena antiga de peleia em aspas largas
Na bruta carga por um lote de novilhas