O canto sepulcro
A flor morta à natureza morta, sepulto
Um ser de agonia, agoniza
Única sorrir e não está de luto
E adormece num triste ato acata
E acorda resplandecida diante da vida
Que se encontra violada aturdida
Que por um nada em um nada se mata
E rir da nossa cara não é raro
É a maio das filosofias nos persegue
A felicidade triste prossegue
Pedindo para que eu pare, mas eu não paro
Refrão
Eu sei, eu sei o que acontece
Eu sei de onde vem
É um incesto eterno milenar
Um gesto a eternizar alguém
Sórdida, inviolável, dilacerante
Estúpida esculpida pela vida que se foi errante
Concretizada com emblema de poder de veto
Implacável, inalterável sempre por perto
Nos observa enerva o nosso corpo
Descobrindo a face velha que vive por dentro
Que a metade de um lado é um lado todo
Somos o alvo nossa célula o centro
Arquiteta solitária e seu hermetismo
Surgindo mansamente na escuridão
E na hora de cair é a primeira a dá a mão
Só pra ter o prazer de te empurrar para o abismo
Refrão
Eu sei, eu sei o que acontece
Eu sei de onde vem
É um incesto eterno milenar
Um gesto a eternizar alguém