Vamos fazer compras dar um rolé em Juazeiro e ver
Que não vale nada o que ganhamos o mês inteiro
Pega o carrinho e empurra pelas sessões
A gente não vale nada e o que tem tá nos cartões
O mercado tá lotado, é manequim pra todo lado
Com o coração a venda na sessão dos enlatados
Vai mãe, compra um doce pra mim
Fica quieto moleque não foi pra isso que eu vim
Ele sabe bem que não tem outra opção
Vai comer feijão com arroz ou arroz com feijão
E o moleque vê o burguês comprando uísque escocês
Com preço que bancava sua feira por mais de mês
Aqui é só chegando empresa e produzindo escravidão
Assinando a carteira e depois bota grilhão
Carro de tanque cheio e pobre de barriga seca
Somos iguais a gados, contados por cabeça
Juazeiro não se iluda por que isso é pouca bosta
Veja o pouco que fizeram diante de tanta proposta
Você acha absurdo? Pois mano a ideia é essa
Então pula de cabeça e se afoga na própria merda
Por que eu corro atrás dos meus
Morro pelos meus
Sofro pelos meus
Manos, manos!
Meus manos acordam cedo
Serventes e pedreiros
Juntando seu dinheiro pra comprar
Quem sabe uma casa
Sair do aluguel
Mas ele ganha pouco não vai dar
Não fica frustrado, a culpa não é sua
De fazer casa pra eles e nunca entrar na sua
É isso que o sistema quer, te manter sempre na mão
Mandar tu caminhar sem te dar uma direção
Mas eles vão sentir a casa estremecendo
Por que a gente vai botar mais areia que cimento
O jogo aqui é Mortal Kombat e não pedra, papel e tesoura
Lobo não sopra aqui, derruba na voadora
Para um de nós que cai mil levantarão
Então derrube mil e jogue o show do milhão
Por que já me cansei de pagar conta atrasada
Se fosse por comprar muito até que amenizava
Mas o dinheiro acaba quando sai o salário
E não dá para comprar metade do necessário
Mas brasileiro nunca desiste nos dê outra vida ou morra
Pra conseguir alguma coisa pois só uma vida é pouca
Por que eu corro atrás dos meus
Morro pelos meus
Sofro pelos meus
Manos, manos!