Soltei meus bois lá no pasto para esperar a morte
Meus bois trabalharam muito pra morrer assim no corte
Não vendo quem me ajudou no trabalho a vida inteira
Não tem dinheiro que pague minha boiada carreira
Eu tirei toras do mato, puxei café e algodão
Mas hoje puxo a saudade dentro do meu coração
Esta boiada me deu o meu pão de cada dia
Não pode morrer assim pelas mãos da covardia.
Traquejado pela luta não aguento mais carrear
Se durmo ouço em sonho meu carro de boi cantar
Quando chego na porteira e chamo o nome dois bois
Vejo lá no arrastão vem descendo dois em dois
Marchante bateu na porta pra comprar meus bois carreiros
Esses bois são minha vida eu não troco por dinheiro
São doze bois traquejados de muitos anos de estrada
Prefiro morrer primeiro que vender minha boiada.