A pele negra reluziu na madrugada
Quando a lua prateou a escuridão
E os sons dos atabaques ecoaram
Pelos cantos do Brasil, imensidão
E um raio risca o céu na madrugada
E Xangô me faz pensar na criação
Um trovão me trás de volta a batucada
Dos quilombos no tempo da escravidão
Negro, teu samba tem seu sangue
E em toda parte do Brasil o teu suor
Nas caatingas, cerrados e nos mangues
A esperança de um mundo melhor
Bate negro no pandeiro a tua luta
Bate firme no tambor a marcação
E o povo brasileiro não disfruta
Da sonhada liberdade nesse chão
Bate negro a mão no couro do repique
Palafitas, pau à piques, litorais
Bate negro a mão na cara do inimigo
Bate o ponto para os nossos Orixás
Pois o samba nasceu do sofrimento
Nasceu em protesto a tua dor
No fundo do quintal junto ao terreiro
O samba brasileiro e o teu clamor