Uma vez fui na cidade,
Na maldita perdição.
Lá perdi meu pala velho,
Que me doeu no coração.
Quando voltei da cidade,
Vinha com dor na cabeça.
Cheguei fazendo promessa,
Deus permita que apareça.
Encontrei xirú do posto
E não deixei de maliciar,
Que ele achou meu pala velho
E não queria me entregar.
Fui dar parte ao comissário.
Ficou prá segunda-feira.
Me levaram na conversa
E se foi a semana inteira.
Veja as coisas como são,
Como se forma a lambança.
Que pelo mal dos pecados,
Era o forro das crianças.
Foi forro para as carpetas
E em carreiras perigosas
"Inté" serviu de agasalho
Prá muita china mimosa.
Com este pala rasgado,
Passava campos e rios.
Com este meu palinha velho,
Não temo chuva e nem frio.
"Inté" nas noites gaudérias
Meu pala soltito ao vento
Ia abanando pachola
Prás luzes do firmamento.
Informem na vizinhança
Este triste sucedido,
Quem tiver meu pala velho,
Que prendam este bandido.
Neste mundo todos morrem.
Da morte ninguém atalha,
Me entreguem meu pala velho,
Pra eu levar de mortalha.