"Cedo quando eu ia pro trabalho
Encontrei o padre Afonso a chorá
E a razão de suas lágrimas
Soluçando passou a me contá"
Perdi meu pai quando eu nasci
E por minha mãe fui abandonado
Me deixando eu na fazenda
Com o seu Elias Machado
Me trataram eu com carinho
E igual um filho eu fui criado
Quando eu completei dez anos
Por ser minha vocação
Eu fui estudar pra padre
Com muita fé e devoção
E na maior alegria
Chegou minha ordenação
Depois que eu me tornei padre
Minha mãe eu procurei
E por mais que eu procurasse
Nem notícia encontrei
Já julgava ela morta
Quando pra cá eu mudei
Pra ir confessar uma doente
Me chamaram esta madrugada
Uma mulher quase morta
Numa cama achei deitada
Na mais negra da miséria
Ali sofria abandonada
E chorando ela me disse
É tão grande o meu pecado
Que me mata de remorso
Nem que me seja perdoado
Deixei meu filho de colo
Na fazenda abandonado
Ao ouvir suas palavras
Lembrei do que me aconteceu
E seu nome eu perguntei
Quando ela respondeu
Beijei sua mão dizendo
- Mãe, está perdoada, mamãe o teu filho sou eu