Sou sede de tanta gente
Por este mundo sem fim,
Sou clamor dos sufocados
Que acham falta de mim.
Dos negros estive ausente.
Isabel me fez direito,
Mas não cheguei totalmente
Por causa dos preconceitos.
Sou causa dos desabafos
Dos que me buscam nas violas.
Sou o anseio dos pássaros
Que se batem nas gaiolas.
Se eu sou razão do trabalho
Pra ser lazer no descanso,
Para os que remam na vida
Me torno a paz de um remanso.
Por mim já houve batalhas
Nesta pampa-continente,
Onde heróis a ferro e sangue
Plantaram minha semente.
E se sou razão de guerra
E encorajo até o covarde,
Ninguém vai morrer de sede
Sendo sede eu liberdade.