PRIMAVERA PAMPEANA
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Se é inverno, morena, neste pago santo,
geada com seu manto cobre o pastiçal;
a manhã debruça no campo tordilho;
faz lembrar o brilho de um cartão postal.
Quando chega agosto, cara de vingança,
e o minuano lança folhas pelo ar,
me abrigo no rancho; e teu colo moreno
faz o frio ameno, no calor de um lar.
Mas se é primavera, se renova a luta
e esta lida bruta ganha outro sabor;
a vida se banha nas águas do açude
e o amor dos rudes vem nascer na flor.
REFRÃO
Morena, quando esta Pampa
já não ouvir meu cantar,
beirando o rio é onde eu quero morar!
E, quando o sol de setembro
tocar minh'alma de piá,
vou renascer no canto de um sabiá!
E lá vem setembro, na curva da estrada,
e a nova florada vem rasgando o chão;
a flor da amoreira quer que a vida adoce
e um sabiá, precoce, fala de verão.
Quando o sol nascente mostra sua figura
na simples moldura tosca de um portal,
a Pampa se enfeita pra uma nova etapa
neste fim de mapa, meu torrão natal.
O beijo da amada, o gosto da pitanga...
o olhar da sanga mostra o céu azul;
o gado dá cria e o rebanho expande
no grande Rio Grande que só tem no Sul.