Eu vejo a morte na via-láctea
Navios e naves na solidão aérea
No espaço mar, o mal cheiro
De óleo e esgoto está aumentando
Vejo vampiros vadiando pela noite
No centro da cidade entre mortos-vivos
Sem ninguém perceber lá está o perigo
Medo, mentira e o frio da escuridão
Vejo nas águas sangue escorrido
Das gangues, dos mangues,
Das almas esquecidas
Carnificina, ruínas, crianças mortas
Tiros, gritos, máscaras
Ratos e restos...
Eu vejo pessoas do sono acordarem
Despreocupadas, geladas
Tanto fez, tanto faz é nessa baixa onda
Que caminham sombras
E mesmo assim tento não acreditar,
Saber qual é a verdade...
Onde está a luz que a madrugada esconde
E mata no silêncio da noite?
Por onde anda a lei que ao raiar do dia
Os sedentos de justiça esperam acontecer?
Parece, enfim
Que tudo sempre acaba
Numa só palavra: fé