Um dia loco de bueno de piquetear o cavalo,
Qualquer serviço na estância se ocupa ao cantar dos galos.
Ajujo a erva do amargo com galhos de maçanilha
E amanso a vista do encargo no engorde d'uma novilha.
A rês está de sobreano e a vida é quem faz sinuelo
Pra quem tropeia na lida e ainda aparta rodeio.
Costeando algum gado manso, acalmo xucros e ariscos
E agrupo junto à mangueira as xergas do meu ofício.
Assento bem os arreios pro pingo não velhaquear,
Pelego, carona, lombilho, cincha, badana e buçal.
Com pose de capataz, torcendo as tiras do sovéu,
Aparo as barras do dia debaixo do meu chapéu.
No santa-fé do galpão, sinais de algum picumã.
Tenteando a alma da prosa e as garras do amanhã…
Maneando as mãos da saudade, pampeana dos milongueios,
Lonqueio o pêlo do couro pra um barbicacho campeiro.
Assim, tordilho as melenas mermando o peso do corpo
E afrouxo o pé no estribo, templando os ferro no potro.
E nunca entrego os pelegos compondo algum parelheiro,
Na cancha reta da vida, dou trena inflando o peito.
Talvez num final de tarde, talvez num clarear de dia,
Eu deixe a porteira aberta pro campo lamber a cria…
Talvez montado à capricho, talvez grudado nos bastos,
Batendo o laço na cola com a soga quebrando o cacho.