Se eu disse coisa com coisa
Fica aqui subentendido que eu não soube dizer.
Pois o que me deixa prosa
É essa coisa fabulosa de se desentender.
Ao dizer coisa com coisa
A gente cava a cova rasa do mistério de ser.
Onde a coerência pousa
Nada brota em volta ou nasce um pé de "como-porque?".
Acreditei nessa conversa mole
Que era preciso tudo explicitar.
E quase o sonho todo me escapole
E o algo a mais que impele à frente se desfez no ar.
Hoje é que entendo que o rascunho escolhe
E no desvão do redemunho o sonho surge gole a gole
E nessa hora santa enganadora
Quanto mais eu me emaranho, mais olho de fora.
Não quero cuspir no prato
Mas do tal fato, do concreto,
Do correto
Eu corro até desmaiar!