Voava transbordando de amor
As gotas desenhavam no mar
Mil lendas de outro Ícaro ateu
Desejando o seu olhar
Que era o espelho azul do meu.
Bailavam asas brancas no ar
E eu, anjo, me esqueci imortal
Jurava pelos raios de sol
Que viria te buscar
Num esplêndido arrebol.
E o mesmo calor que me fez jurar bastou
Pra desfazer meus sonhos tolos, todos pelo chão
As asas de cera eram feitas de paixão...
Procuro os cacos do coração
Sem asas, sem carinhos de Orfeu
Distante da clareza do céu
Redescubro o seu olhar
Refletindo a dor do meu.
E simples mortal
Ofereço-te a canção
Tão filha de outros trapos de um humano vendaval
Notas tontas feitas de verdade e solidão
São asas renascidas na emoção de amar.