É tão bom ser pequenino, ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino, e ter quem goste de nós
Vem cá José Manuel, dás-me a graciosa ideia
De Jesus da Galileia, a traquinar no vergel
És moreninho de pele, como foi o Deus menino
Tens o mesmo olhar divino, ai que saudades eu tenho
Em não ser do teu tamanho, é tão bom ser pequenino
Os teus dedos delicados, nessas tuas mãos inquietas
Lembram-me dez borboletas, a voejar nos silvados
E como tu sem cuidados, também já corri veloz
Vem cá falemos a sós, dum caso sentimental
Quero dizer-te o que vale, ter pai, ter mãe, ter avós
Ter avós afirmo-te eu, perdoa as imagens minhas
É ter relíquias velhinhas, e ter mãe é ter o céu
Ter pai assim como o teu, te dá o pão e o ensino
É ter sempre o sol a pino, e o luar como rouxinóis
Triunfar como os heróis, e ter esperança no destino
Tu sabes o que é esperança, o sonho, a ilusão, a fé
Sabes lá o que isso é, minha inocente criança
Tu és fonte na pujança, e eu o rio que chegou à foz
Eu sou antes tu voz, que saudades, que saudades
A gente a fazer maldades, e ter quem goste de nós