É bem assim
Cá no Rio Grande, no garrão deste país
Habita um povo de coragem e que é feliz
Por ter no sangue a descendência farroupilha
É bem assim
O que se fala se garante a todo custo
A lida é o lema de quem não nasceu de susto
Pois esta gente faz histórias nas coxilhas
É bem assim
Quando um veiaco mal costeado esconde a cara
De pronto acha um braço forte que lhe para
E um par de esporas cortadeiras num garrão
É bem assim
Quando troveja pra os lados do chovedor
E o tempo baba, encharcando o corredor
Chapéu e poncho fazem às vezes de galpão
É bem assim
Nesta querência de rebanhos e manadas
Onde a peonada das estâncias, bem montada
São os esteios que sustentam o pago, enfim
E as tropas gordas que povoam invernadas
São o produto do trabalho desta indiada
Mostrando ao mundo que pecuária é bem assim!
É bem assim
Quando florescem as manhãs na primavera
Brotam os campos, suplantando toda a espera
De um novo entore que encaminha a produção
É bem assim
Se puxam potros, vão se aprontando novilhas
Se ajeita lindo a caponada pras esquilas
Comparsa antiga, hace tiempos no rincão
É bem assim
Rodeio grande, terneirada bem cruzada
Um doze braças corta o vento numa armada
E a vida segue o seu caminho, flor e flor
É bem assim
Mate cevado, prosa buena, um fim de tarde
Aqui se faz o que se deve sem alarde
Por que esta terra é de respeito, sim senhor!