Não tenho nem vergonha nem pudores
Da lágrima sincera que me embarga
É sal de que alimento os meus amores
E rio que afoga a pena mais amarga.
Num mar que é de revolta e de calmia
Navega assim a vida em todos nós
Porquê fugir à dor e à nostalgia
São ondas descobrindo a nossa voz.
Não quero este silêncio que me corta
Que enfrento de sentidos acordados
Não quero a indiferença, a alma morta
Às quais assim andamos condenados.
Não quero ser o drama insatisfeito
De quem não esteve ali p´ra não sofrer
Morrer por algo, ainda que imperfeito
É tudo quanto basta ao meu viver.
Não tenho ainda o medo de acordar
Mas sinto já a pressa dos mortais
Que sonham ser eternos ao amar
E temem não ter tempo de dar mais.