"eu sou ninguém, e o serei até o fim:"
Rainer Maria Rilke
muito cedo conheci o medo na vida.
medo do escuro,
a pátria desolada,
a aterra estéril,
povoada por fantasmas
desde a primeira geração.
medo do futuro,
marcas do insano
e um corvo desprezível
a espiar frestas visíveis
nos limites traçados
até a presente geração.
madrugadas sonolentas,
suportadas com ansiedade,
filamentos de sangue e raios
a afugentar as trevas
de um coração aprendiz.
em surdina,
como um brado contido
das profundezas do nada,
ouve-se o lamento
talvez desabafo
nevermore
nevermore
nevermore