Aqui na cidade eu vivo sonhando
Que estou voltando pra Minas Gerais
Meu berço natal, meu pedaço de céu
Estampa fiel dos meus madrigais.
Deixei minha terra buscando a venturas
Buscando a cultura dos meus ideais
Plantei esperança e colhi saudade
E sem piedade machuca demais.
Me lembro e sinto o cheiro das flores
E as multicores borboletas voando
Um amanhecer e um pinguinho de orvalho
Que foram rosário no mato brilhando
Também no terreiro um casal de rolinhas
Que pousa e caminha na areia ciscando
Vi o ribeirão de águas cristalinas
E a grande cortina do dia fechando.
Me lembro da noite e do céu estrelado
E do canto alternado do galo marcante
A lua banhando bem lá no riacho
Refletindo o facho de luz cintilante.
Na escuridão muitos vaga-lumes
Piscando seu lume era fascinante
O cantar da coruja e do urutau
Na mente real desse pobre errante.
Estou decidido aqui não vou ficar
Hoje vou voltar para o meu sertão
Quero de novo viver da essência
Longe da existência da poluição.
Quero contemplar de novo as belezas
Da mãe natureza e sua criação
Eu vou ser feliz onde mora meus pais
É de minas gerais esse meu coração.