As veias dessa terra
São os rios que cortam o chão
E as nuvens desse céu
Devem ter cor de algodão
Algodão, Cubatão
Quero ver no seu peito
Se ainda bate um coração
Liberdade já morreu
Quem lhe guia é a solidão
Cubatão, Cubatão, Cubatão
As chaminés do progresso e o lodo
Tragam o seu destino
Eu me calo, mas confesso
Esse é o badalo do sino
Cubatão, Cubatão, Cubatão
O seu povo entristeceu
E pede em procissão
Que deixe as pontas da estrela
E uma roseira no chão
Cubatão, Cubatão, Cubatão
O verde está bem fraco
A terra nua sente frio
Deixe uma árvore na serra
E um peixe no rio
Cubatão, Cubatão
O ar é quem nos toca
Aos pensamentos do justo
Que cultiva as pétalas
Da flor que dará o fruto
Cubatão, Cubatão, Cubatão
Já tive o prazer angustiante de sentir uma das tuas ruas, mas não tive, nem nunca terei a sensação de ser uma delas porque sou gente e é outro sentimento. Mas também não quero te odiar, nem ver teu rio se acabar de vez por falta de água e ar, num mar de gargantas secas com sede, onde calando, já não haverá silêncio...