Maria não deu conta do filho
Que o pai deixou de alimentar
Ele andou pela boca da noite
E fez alguns amigos por lá
Certo dia brigou com Maria
E fugiu não sei pra que lugar
Nunca mais ela teve notícias
Mesmo cansando de procurar.
De repente bateu sua porta
Era o filho pra lhe visitar
Ele veio já motorizado
Mas trazia um medo no olhar.
Oh meu filho queira me contar
Onde foi que a sorte encontrou
Pra tão moço poder conquistar
Coisas que nunca se imaginou.
Minha mãe não se meta com isto
Não quero satisfações lhe dar
Tô vivendo a minha liberdade
E nada tenho para lhe explicar.
Pouco tempo depois foi embora
E aflita Maria ficou
E passaram só alguns minutos
À sua porta a polícia chegou.
Diga onde escondeu o bandido
Solto ele não pode ficar
É perigoso é fora da lei
Precisamos lhe trancafiar.
A polícia saiu sem resposta
Percebendo que ele fugiu
E Maria ficou quase morta
Da angustia que ali sentiu
E o mundo caiu aos seus pés
Ao ver que tudo era real
O menino a quem dera seu peito
Era agora só um marginal.
E alguns dias passaram em trevas
Já vivendo um pré-luto fatal
Quando viu sua foto estampada
Na primeira folha do jornal.
Na manchete chamava a família
Ao necrotério pra reconhecer
O cadáver de um indigente
Que ninguém queria saber.
E Maria juntou suas forças
Ao chamado não se esquivou
Foi lá reconhecer o seu filho
Por quem tantas noites chorou.
E o viu todo desfigurado
Da rajada que lhe acertou
E Maria rezou aos seus pés
Em seguida ela se retirou.
Foi cuidar do enterro do filho
Com a dor que o choro estancava
Mas enquanto o coração ruía
A população comemorava.
Esta história não aconteceu
Só com uma, com duas ou com três
Todo dia tem uma Maria
Pra chorar esta cena outra vez