Sem olhar o céu
Sinto ele passar
Arrastando estrelas
Sobre o que eu pensar
Minha intuição
Noite sem luar
Vôo cego de morcego, meu radar
Quase sem sentir
Veio inspiração
Aflorou com cheiro que a terra dá
Nas chuvas de verão
E o que quer de mim
Nunca vim saber
Hoje posso ao menos procurar
Quem já nasce feito
Não sabe desse dom
De tirar sustento
Da imaginação
Quem já nasce feito
Não sabe desse dom
Construir castelos
Que nascem da ilusão
Tente imaginar como pode ser
Quando ao livre-arbítrio, nós fizermos jus
E o que quer de nós, esse tal poder?
Toda escolha traz uma renuncia à luz.
Só se dá valor pela privação
Só quem já cruzou desertos
Saberá chorar em frente ao mar
Sei, a dor conduz para a evolução
Mas não precisava ser assim
Por que só na pele
Se vê o que se faz?
Como só as guerras
Nos fazem ver a paz
Porque só na fome, na dor, na solidão
Onde todos os homens
Descobrem-se irmãos?