Está um velho no jardim
Com cabelos de algodão
Tem dois olhos côr de mar
E uma cruz em cada mão
Uma cresce de um altar
Outra é uma ilusão
Continuo a subir
Vejo um milhão de ideias falsas
Num crucifixo conjectural
Concebido para salvar almas
De asfixia existencial
Está um velho no jardim
Que me olha com rancor
Tem dois olhos de marfim
Afiados no pudor
Mas as coisas que ele faz
Não parecem ter calor
Continuo a subir
Vejo uma vela adulterada
Feita de sangue e de cetim
Garantida por dois mil anos
Mas que está a chegar ao fim