Sem pausa pra tosse, meu ritmo não permite
Respeitar as neurose não tirou meu apetite
Aprendi a não dar voz a quem só usa pra palpite
Vou antecipar a cirrose pra esquecer da minha gastrite
Somos rivais, somos iguais, somos meninos que já são pais
Ou somos a turma do tarde demais
Debatendo polemicas em jornais
Fomos a paz de anos atrás ou somos a herança da falta de paz
Somos os netos de escravos sentados
Bebendo com netos de capataz
Espere, opere os normais. Prepare o terreno
Pra ser mais do mesmo deguste o veneno na taça
Faça seus planos sem fé nos jornais
Somos os tais, somos os mais sérios
Em nome do pai. Império, que sobe e que cai
Espere o tempo que vai
E não traz nada de novo, tempo que vai é tempo que perde
Deu amostra grátis do que é bom e depois disse arrivederci
Caminho torto sem retorno é rotatória nova história
Mesmo fim. Mesmo assim, se satisfaz com poucas glorias
Capice? Meu palpite é que o mundo acaba hoje, tomara
Um dia inteiro pra criar vergonha na cara
Na real cada um cria seu próprio fim do mundo
Mas acordo pensando nisso e não desperdiço nem um segundo
Eu vim pra ver
O mundo acabar em vão
Salvei irmãos, lavei minhas mãos
Deixa o mundo acabar então
Eu vim fazer algo de bom pra fazer meu som virar
Vagabundo não espera pra ver seu mundo girar
Muitos pregam só mentira, muitas pecam pela ira
Muitos criticam minhas gírias, mas é só por criticar
Estagnado na merda só fica quem quer ficar
Na proteção do pombo gira faço invejoso travar
Perigoso pra quem tem medo da guerra e pode pá ladrão
Tá cheio de nego que só faz peso na terra
E não ramelo na missão
Isso mesmo que me importa, faço disso minha cota
Pois minha fé sem obra é morta, meu truta
Falhou comigo meu Exu vai te cobrar
Dois pés na porta com licença pra chegar
Vim pra ser seu pesadelo, a tempos não engulo seco
Frequento umbanda, mesa branca, faço contato com orixás
Fazendo jus aonde jas há uma luz pra me guiar
E até o fim eu vou lutar
Eu vim pra ver
O mundo acabar em vão
Salvei irmãos, lavei minhas mãos
Deixa o mundo acabar então