Um povoadito que fica, com olhos longe da estrada
Nesta rotina calada, cumprindo mansa a sua sina
A noite pousa a neblina, sobre um negro desabado
Que esconde o velho passado, nos fiapos brancos da crina
Há um ressabio pela estrada, silente contendo as mágoas
Silêncios da madrugada, somente a tropa das águas
Que vão seguindo o caminho, mudando o rumo por conta
Feito o meu próprio destino, se o fim da vida me aponta
Cada rincão tem sua gente, seus campeiros e andarilhos
Se me tocou o destino, levar a vida em trompada
Tenho certeza da estrada, mas incertezas por diante
Levo de marca um semblante, entristecendo a mirada
Outrora ouvi cantigas, de um calmo choro de basto
Na tropa batendo casco, empoeirando a mirada
Lembro da antiga morada, sombreada por paraísos
E de um lindo sorriso, dos lábios doces da amada
E nesta sina de andante, no meu consolo de estrada
Bandeio as horas por diante, pois fiz da pampa a morada
Ranchito de corredor, com a quincha firme do céu
E a alma de domador, de rédea frouxa a loléu
Cada rincão tem sua gente, seus campeiros e andarilhos
Se me tocou o destino, levar a vida em trompada
Tenho certeza da estrada, mas incertezas por diante
Levo de marca um semblante, entristecendo a mirada