No baú de minha infância
Fui buscar, inutilmente,
Minha boneca de pano...
Minha fiel confidente
Meu mundo sem desenganos
Pedacinhos de verdades
Dum quadro de fantasias
Tão rústica e franzina...
Mas que tanto compreendia
Meus encantos de menina
(Queria minha boneca
Cabelos loiros, compridos,
Ora lisos, ora de trança
Vestidinhos coloridos
E os olhos verde-esperança
Babados contracenando
Com seios feitos de lã
Fechando a circunferência...
Traziam lindas manhãs
Dos cerros lá da querência)
Nasciam fontes de afagos
Na maciez dos seus dedos...
E os ouvidos, feito gente,
Guardavam os meus segredos
E os sonhos de adolescente
O seu olhar de ternura
Guardava o sol das tardinhas
E as profundezas de um rio...
Me sentia mamãezinha
No seu abraço macio
(Queria minha boneca
Cabelos loiros, compridos,
Ora lisos, ora de trança
Vestidinhos coloridos
E os olhos verde-esperança
Babados contracenando
Com seios feitos de lã
Fechando a circunferência...
Traziam lindas manhãs
Dos cerros lá da querência)