Em cada rosto feliz
Existe um canto escondido
Onde se guarda o lixo
Do lado escuro do mundo
E quando menos se espera
Ressurge algum sentimento
Que insiste emergir do lodo
E teima em brotar de dentro
A despeito da vontade
De quem está tão frágil
À mercê do vento
Como a pluma no ar
Hoje eu só preciso ouvir palavras doces
Não me fale da verdade nua e crua
Deixa eu dormir pensando que o mundo é bom
E se eu acordar no paraíso
Como a onda na pedra
Vai batendo até quebrar
Dilapidando a alma
Até quando?
E nesse mar revolto
As gaivotas vêm planar
Sobre os peixes pequeninos
Loucos a fugir
O mar, o vento, a terra
Parece conspirar
Num turbilhão medonho
Expulsando a calma