Ao longo do estradão
Que vai e fica.
Também passou um coração
Passou uma vida
Tem um pasto inacabado
Rastros de cavalo e uma cerca
Um velho trator, um arado
Um paiol e uma quase seca
Tem uma casa abandonada
Que o mato vai cobrindo
Até vejo uma enxada
Que na ferrugem vai sumindo
Ao longo do estradão
Que vai e fica.
Também passou um coração
Passou uma vida
Tem uma árvore, calada com o tempo
Testemunha viva de uma paixão
No seu tronco um juramento
Desenhado em um coração.
Lágrimas brotando no esquecimento.
Misturada na terra da solidão
Que vai fechando de vez
A porteira do estradão.
A porteira,
A porteira, do coração.