Um dia quando o sertão tirar da terra o sustento
Do norte soprar o vento e varrer todo espinho
O homem pelo caminho nos desafios das léguas
A noite mansa faz trégua, toca a viola em ponteio
Em um repente sem freio, toada, xote e baião
Um dia quando o sertão deixar de ser um mendigo
Ver no poder um amigo que seja bem verdadeiro
Os últimos serão os primeiros já foi bem claro o rabino
Falar pra que em el nino? em abundante riqueza
O pão enfim chega a mesa é tempo de louvação
Um dia quando o sertão se preparar pro saber
Da carta do abc e dominar toda ciência
Terá auto-suficiência, será do mundo um celeiro
Profetizou conselheiro a idos tempos atrás
E o nó enfim se desfaz é tempo de redenção
Um dia quando o sertão não esquecer sua história
Comemorar suas glórias, mostrar que é povo aguerrido
Dançar em solo batido, um forró, côco e xaxado
Terreiro todo enfeitado sanfona em plena harmonia
Triângulo, zabumba, alegria é tempo de são joão
Um dia quando o sertão for simplesmente isso tudo
Ouvir e não ficar mudo puder viver seu papel
Não mais beber desse fel que amarga feito jiló
Fazer um vôo maior nas asas da alforria
Nas brasas da hipocresia não ver queimado o seu chã