Silhueta morena à beira do "oitão"
A marca do tempo na perna que arrasta
Pedaços de campo nas mãos benzedeiras
E a fé curandeira pras chagas que afasta...
A velha morena judiada dos anos
Se enreda na idade, nem lembra direito
Dos nomes de tantos a quem deu a vida
E hoje nem mesmo recebe o respeito...
Morena das curas à base da crença
Do - "Deus te acompanhe" das muitas partidas
Morena amiga daqueles que chegam
Buscando ajuda pros males da vida...
Murmura a morena sentada à sombra
As mãos enrugadas na cuia do mate
Na busca da cura pras chagas da alma
A reza entoada benzendo a saudade...
Morena das tardes de histórias antigas
Das sábias palavras de ensino ao filho
O carinho no olhar na emoção do retorno
De quem foi ausente por ser andarilho...
Calor no abraço que afaga um neto
Visita o passado e chora a saudade
Talvez veja a vida retornando nele
Do amor que se foi num final de tarde...