Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês
Sou rico porque exploro o operário
Em troca pago um salário para o otário
O gerente garante o meu lucro ao controlá-lo
Para explorá-lo é preciso dominá-lo
Tempo é dinheiro
Acumular é o objetivo
Para mim ou meu herdeiro
Esse é meu único motivo
Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês
Não perco tempo em administrar
Um burocrata coloco em meu lugar
Não gasto tempo com repressão
Para isso tem polícia e camburão
Não produzo ideologias
Para isso pago os intelectuais
Não produzo notícias
Para isso financio os jornais
Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês
Ofereço pão e circo demais
Fantasia, baixaria na tv e carnavais
Futebol, evasão e seleção brasileira
E ainda lucro com tanta besteira
Proporciono um mundo de arte
Coloco artistas em toda parte
Para reproduzir os meus valores
E os trabalhadores
Esquecerem as suas dores
Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês
Não esquento com o esquentamento
Tenho ar condicionado para meu resfriamento
Nunca fico esperando em fila de espera
Sou cliente vip e não qualquer um da galera
Também nunca vejo favela
Só quando assisto novela
Eu só viajo de avião
Pobre só vejo na televisão
Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês
Golfe, iate e mansão
Futilidade, inutilidade e distinção
Meu modo de vida é sem emoção
Vida vazia, acumulação e locupletação
Eu sou um bom burguês
No mercado da vida
Você é meu freguês