Minha vida é um livro aberto
Eu vivo num deserto
Onde palavras e letras
Substituem águas e navalhas
As páginas negras revelam
Momentos de pobreza e dor
Excesso e falta de amor
Em fonte de uma única cor
O capítulo seguinte é a parte da crítica
Não sobra nada da política
Destruída no título com letras garrafais
E com o forte grito: não quero mais!
Nos demais capítulos a alternativa sugerida
Indo além dos destroços
Pessoas, vidas, carne e ossos
Lutando por uma vida a ser realmente vivida!
Na orelha há surdos e mudos
No mundo cheio de absurdos
Racionalistas irracionalistas
Conquistadores sem conquistas
Na contracapa há uma foto
Bem como uma mensagem
No reino onde não se tem foco
O que resta é apenas uma imagem
Para quem não supera a aparência
Perdidos no espaço da aderência
A leitura é só perda de tempo
É mais um mero passatempo
O mundo do leitor
Não é o do escritor
Só quando há uma fusão
Ler e escrever é criação