Homens matam por carro, roubam por agrado
À cara podre querem o mais caro
Inocente ou culpado, quem julgou é julgado
Em tua defesa advogado do diabo
Cresceste rápido no sitio onde é clássico, consumir o tráfico
A classe operária dá o máximo e não sai do básico
Queres algo prático, o sistema é sistemático
Quem ta bem na vida tem coração do árctico
Trabalhas e balas, mochilas e malas
São eles que te queriam e não querem represálias
Discriminam-te pelo calão que falas
Levam-te contigo para as salas de sentença
E manda entrar o homem que te fez e não marcou presença
Desde a infância que hoje em dia pensa
Não teve importância no teu crescimento
E nos processos que te acusam no teu julgamento
Fá-lo recuar atrás no tempo
Fala do momento em que burlou o cupido com o sentimento
De amor da tua mãe por sexo gratuito
Pergunta-lhe se também se lembra disso
É que não te sai da cabeça o corpo da mulher
Que não dispensa horas extras para encher a despensa
Falta de condições que um pai ausente não compensa
O desacompanhamento gera a convivência
Com as más companhias do sítio mais propício
A filhos de pais que não cumpriram com o oficio
Todo fim tem um principio, este pode ter sido o teu início
Não te esqueças que ele tem que pagar por isso
Manda entrar agora a professora da primária
Que pelo teu aspecto te sentou na secretária
Mais longe do quadro e quando era chamado
Vias que ela só ria a quem ia bem apresentado
Eras o miúdo canto da sala
Que ela fazia questão em ser o burro da aula
E não se apercebia que querias mais atenção
O tempo com o destino
A tua mãe tinha noutra profissão
Para pagar os instrumentos da tua instrução
Diz-lhe agora que não era a tua intenção
Seres o puto mais reguila, o mau exemplo da turma
Os trabalhos de casa não os fazias quase nenhuma vez
Porque vês a tua mãe desde o colho
Chegar para la das 9h com o corpo feito num 8
E aprendeste a ler do pensamento em vez do livro de leitura
Veio da ead, eu arreava, vida dura quanto?
A matemática? Que se fodam as contas
Subtraíste o ordenado em troca pelas compras
Divides-te por 2 o que na travessa encontras
E somaste os trocos para sonhar atrás das montras
A falta de classes fez com que não passes de classes
Na secundária até que passes da escola e passes
Mais tempo nas áreas com condições precárias
Ela é culpada das tuas más habilitações literárias
Manda entrar o patrão do teu primeiro trabalho
Por não seres licenciado não te paga um caralho
Explora-te num ambiente sem higiene e segurança
Onde acidentes diminuem a esperança média de vida
Merda de vida, devido a quem vive para além
Da expectativa sem se importar com ninguém
Só lhe interessa se tem bens encetados
Casas e carros e não investem metros mais avançados
E ergonómicos porque estes não são económicos
Enquanto resto da europa evoluí a industria
Na competição económica há mesma música
Abre falência, preocupações deles é única
Se a família do patrão assegura a geração
Então as 50 ou 100 que estão no desemprego
Terão que ter paciência, todos os dias o mesmo
Anos de experiência são algo absoluto
Pra que ter um trabalho honesto se o estado não motiva
Patrão tem um mercedes tu deves na mercearia
Os ordenados são menores para quem te carros de energia
Trabalha composições impróprias, toda el vida
Em ambientes poluídos gastam reformas em farmácias
Tem problemas cancerismos, ele é o culpado por tu seguires
O sentido, não te pagou o que devia, mas fá-lo pagar contigo
Se comprares um topo de gama, vais ter ao teu lado uma granda dama
Se baixares a capota ao passar na zona, elas vão baixar as calças, não vai faltar cona
Se comprares a roupa do crocodilo, todo o porteiro vai sentir o estilo
Vais entrar na discoteca sem problema
Eles fazem-te querer que tu não és a mesma
Pessoa sem bens materiais, manda entrar esses tais
Genes persuasivos com campanhas comerciais
E compostas descriminações socias
São eles que fazem com que um homem num carro seja mais bonito
Com que só quem tem um vestido entre num certo sitio
Como tu se não fores como eles te sintas constrangido
De olhos como pobres e os olhos como ricos
São eles que te fazem sentir tudo isso
Com que mudas, não te prestam atenção, enquanto não, passares na zona a bombar som
Dentro do carro mais caro do mercado e que és o rei do gado
Se entrares nas lojas e vestires como o ronaldo
Fazem-te sentir vergonha e sem menino de abraço
Os filhos deles não podem brincar com os da tua raça
Valores interiores são tretas, para eles
Pessoas valem por quantias de etiquetas
Não percas a postura de menino do bairro
Olha-o nos olhos e fá-los sentir o que é pagar caro
Agora vira-te para esse magistrado e diz-lhe assim: Escute meu caro
Não olhe desse jeito pra mim, vossa excelência nunca quis este fim
Tar aqui sentado a ser acusado de ter traficado e de ter roubado
Você não sabe o quanto é complicado
Ver uma mãe dar o máximo com o ordenado mínimo
Não tem quem me educasse para ter um comportamento exímio
Ser posto de lado como se não fosse digno
De desfrutar da vossa estrutura de ensino
Não sabe o que é ser acusado pela sua aparência
E num quer ser só respeitado se ocorrer a violência
O que é dar, eu moro num posto de emprego
Para chegar ao fim do contrato e tar tudo no mesmo sítio
Diga-me, se você sabe o que é que é isso
Entrar numa loja e ser acompanhado desde o inicio
Estar a porta de uma discoteca e não ter entrado
Somos todos iguais então porque é que põe de lado
Se é o interior que conta, porque é que filhas como a sua
Só me riram quando me viram num bom carro a passar na rua
Ver fotos minhas a vender produto no bairro
Porque que também não tinham quando eu era puto no quarto
A brincar com bonecos todos partidos
E tentar perceber porque é que não era como os meus amigos
Em vez de estar ali no meu currículo
Diz a professora que mal me ensinou antes do ciclo
Em vez de tar a contar os anos de pena
Que o vosso sistema legislou
Me visse a contar trocos que o meu patrão me pagou
Em vez de perguntar que fazia branca na mesa
Pergunto-me o que sentia quando não tinha nada na mesma
Pergunta: Porquê que a garagem tem matrículas
Pergunto: Porquê que após o 9º não tenho mais matrículas?
Pergunta: Se eu matei alguém com tec-9's
Pergunto: Como é que eu quase morri nos andaimes?
Para si, isso não interessa, é, por isso todos os dias a mesma conversa, é
Os putos da periferia a fazer porcaria eu também preferia
Não ter seguido a simetria, mas a simetria que me sentir à parte
Na minoria que o vosso sistema queria, parte da maioria suburbana
É movida pela primazia humana, dinheiro luxo e fama, que atrai drama
Atribule no peito, não tenha pena de mim
Dê-me a sentença que o sistema tem como certa pra mim
Que eu cumpro até ao fim, que assim seja
Mas faça pagar quem fez com que assim seja
Porque enquanto houver altos e baixos
Putos vão vender hash e achar os carros
Mais susceptíveis para serem desmontados
Até crescerem e ouvirem noutros lados
Carrinhas de valores e branca com tanta e tanta
Chefe há quem tenha o que não precisa
Vosso sistema cria marginais, ao fim ao cabo
Porque nos marginaliza
Inocente ou culpado, quem julgou é julgado
Em tua defesa advogado do diabo
Em tua defesa advogado do diabo