São pedaços da minha vida que eu tento apagar
São parágrafos do meu passado que eu tive que rasurar
Das cartas que me forcei a escrever
Bem antes de você chegar
São rascunhos que nunca te mostrei
Eu tenho certeza, você não ia me entender bem
Rabiscos que nunca cheguei a terminar
Da vida que eu imaginei
Tem rabiscos pelo chão do quarto
Eu tenho cadernos cheios do meu passado
São rascunhos sem meio nem fim
De tudo que eu nunca quis pra mim
Tem pedaços de mim mesmo por aí
São linhas que eu nunca escrevi
São histórias de quem eu já fui
E reflexos de quem nunca quis ser.
Os versos pelo chão nada mais são
Do que lembranças que eu tento expulsar de mim
São rascunhos do que eu não sou mais
Desenhei, mas não passei o nanquim
As palavras saltam das folhas
Cruzam o quarto e escalam a cama
Devoram-se sonhos, me tiram o sono
E deixam pra trás a desesperança
Você é a única barreira que impede
Que os versos de outrora me definam agora
Preciso só ouvir tua voz para dormir um pouco
Enquanto o sol já nasce lá fora
São histórias sem meio nem fim
Mas ao menos acabaram pra mim
As linhas que eu, à lápis, rabisquei
Mas nunca cheguei a passar nanquim
São histórias sem meio nem fim
Mas ao menos acabaram pra mim
As linhas que eu, à lápis, rabisquei
Da vida que eu imaginei