Vamos ser rasos, vamos ser alguém um dia
Vamos ser rebeldes e chamar tudo de ladrão
Vamos ser poetas cheios de ideologia
Críticos, teóricos, sem nenhuma informação
Caminho descuidado sobre um campo minado
E se piso num quadrado errado tudo vai pelos ares
Caminho em ovos, em ovos novos
Em novos povos que andam em pares
Sonho de olhos abertos, enxergo os cegos e então coro
Pois os mesmos olhos que me guiam
São os mesmos olhos que eu choro
Vendo chocolate lacrado e um coração puro na caixa
Leve junto toda piedade e essa autoestima tão baixa
Exponho os meus defeitos, sufocados em meu peito
Em uma biblioteca de poesia engavetada
Me deito no leito, muito malfeito mas feito
E o trato com respeito e então me abraço na garrafa
Uma reunião de solitários, muito amor, tin-tin
Mas não vamos brincar de ser otários
Vamos brindar a solidão que nos uniu pra esse fim
Pra esse fim, tin-tin
Garrancheei meu nome no papel dos fracassados
E virei cobaia do tremor do desespero
Rendi minha mente lúcida pra o meu corpo chumbado
Troco liquido amargo por lábios sabor brigadeiro
Eu esse sujeito perfeitamente imperfeito
Que faz tudo direito, mas no fim sai tudo errado
Vivo por respeito para quem me deu o peito
E por serem meus defeitos não procuro outro culpado
Uma reunião de solitários, muito amor, tin-tin
Mas não vamos brincar de ser otários
Vamos brindar a solidão que nos uniu pra esse fim
Pra esse fim, tin-tin