Há aqui um grito um gemido
Da canção aflita que trago no peito
Há aqui a dor mais profunda
De morrer nas ruas de uma terra sem lei
Há aqui o passado ingrato
E esse sobrenome que eu não escolhi
Há aqui as marcas e os calos
E os que não se calaram dentre os servis
Salve! A lucidez de olhar as mazelas da história
Seguindo adiante sem tirar da memória
Que pago ou a força esse é o mundo que eu construí
Salve! O orgulho de se olhar todo dia no espelho
Com consciência de quem traz no peito
O orgulho de todos os silvas desse país
Senti o olhar de desprezo
Pela natureza dos meus crespos cachos
Senti vasto desespero
Por ser rejeitado por meus firmes traços
Senti o apertar dos passos
Quando deparados com o tom da minha cor
Senti os grilhões modernos
Vejo que na verdade pouca coisa mudou