Eu sou a bota campeira
Sou chilena sou bombacha
Sou a tronqueira que não racha
Com o sol brabo do verão
Sou lenço sou cinturão
Sou chapéu sou barbicacho
Sou ronca da 8 baixo
Sou surungo de galpão
Eu sou a cerca de pedra
Sou cocho de saladeiro
Eu sou o velho candeeiro
Sou aquele clarão tão rico
Sou potro atado no bico
Do qual no lombo eu me agarro
Sou velho fogão de barro
Sou paia de fogo de angico
Sou mango laço e sovél
Do trovador sou a mente
Sou o calor da marca quente
Numa marcação à pialo
Sou truco e rinha de galo
Em tardes de domingueira
Sou varejão sou mangueira
Sou relincho do cavalo
Sou velho poncho gaudério
Que na tropeada se ocupa
Sou a mala de garupa
Da velha tropa eu sou rastro
Sou velho cheiro do pasto
Sou a invernada campeira
Sou pialo de boleadeira
Sou pala, carona e basto.
(Sou velha cambona preta
Sou velho mateador
Sou alma de pajeador
Sou versos bem declamado
Sou tirador, amarrado
No peão sobre a cintura
Sou tradição, sou cultura
Sou tudo, do meu passado)