Certa feita ganhei um convite
Meio sem limite, pra ir num fandango
Me trajei de bombacha e guaiaca
De revólver e faca, lenço, espora e mango
Encilhei o meu pingo aragano
E, por ser veterano, eu pra lá fui chegando
Só escutava barulho de bota
E quando olhei na porta
Era bugio dançando
Perguntei pra evitar o cambicho
Se em baile de bicho se pagava entrada
Ele disse, quem manda sou eu!
E já me respondeu que não pagava nada
Só se em baile tem que ser direito
Com todo o respeito até clarear o dia
Mas, porém eu te faço um pedido
Aqui é proibido apertar bugia
E o fandango era bem animado
Num bugio largado de gaita e violão
Este baile me deu pouca renda
Fui tirar uma prenda e levei um carão
Dei-lhe um tapa na pobre bugia
Começou a folia e findou a brincadeira
Era tapa, coice e garrafaço
Facada e balaço, bordoada e rasteira
Fui dar um passo e me inlhei nos tamancos
E já no ferro branco me senti cortado
Eu no meio naquele sufoco
Já com o meu corpo todo ensanguentado
Era adaga, facão e porrete
Pedrada e cacete naquele extravio
Nem que tenha churrasco no espeto
Nunca mais me meto em baile de bugio