Chama-se João
Foi escravo tropeiro e peão
Teve um amor
A creoula Maria da Flor
Viu cinco filhos taludos
Morrerem na guerra de "Canudos"
Viu duas filhas donzelas
Entrar em leilão em Caravelas
Depois foi a febre que alastrou
Levou Maria da Flor
Só ele ficou
Chama-se João
Quando passa nem chama a atenção
Pele enrugada
Preto velho não vale mais nada
Vive no morro amargando a saudade
Da sua mocidade
Num barracão pequenino
Onde aguarda a palavra do destino
Às vezes em noite de lua
Pai João finge que canta pra não chorar