O cidadão de bem é o cidadão de bens
Um reacionário que acha que tem
A receita da vida pra dar e vender
Apontando o dedo pra onde não se ver
Não gosta de ler, se informa com a TV
Gado conformado acredita ser dotado
De argumentos que justifica
Sua ignorância e regime militar
Olha o cidadão de bem aquém
Refém de uma condição banal
Sem sal, mas letal
Tenta persuadir a ser igual ao tal
Mas não cola, não!
Cidadão de bem só fala de paz
Do amor de Cristo e do que ele faz
Na hora de ser o que pregou
Esqueceu de tudo, cegou e errou
Se baseia numa moral religiosa que só te satisfaz
Anula o outro, o tacha de torto
Não reconhece como igual
É o legalista mas não segue à risca
Jeitinho brasileiro é o lema caseiro
O oportunista que cumpre a lei
Quando é obrigado e quando convêm
Quer uma mulher para escravizar
Torná-la empregada e até espancar
Nunca compreendeu o que é uma companheira
Só vê uma mãe, diarista, lavadeira
Se acha o paizão super exemplar
Mas bate no filho que o questiona
Sua razão é patriarcal, paga-pau de milico assassino fascista
Olha o cidadão de bem aquém
Refém de uma condição banal
Sem sal, mas letal
Tenta persuadir a ser igual ao tal
Mas não cola, não!