A violência com as mesmas armas:
Fome, descaso, humilhação
Não vamos pra frente, o País é o mesmo
E sempre os mesmos é que estão lá cima
Como é que eu posso fazer alguma coisa
Se as ameaças são maiores do que a minha vontade
A violência não permite mudanças
É sempre o mesmo jogo, não encontro a verdade
No horário nobre as coisas sempre vão bem
No jornal, na TV, o povo também
E sempre há palavras como fé e coragem
E sempre há morte entre essas palavras
Estudantes nas ruas, atração de circo
Os grevistas na cadeia sem poder falar
O som do recolher já foi dado
O estado de sítio decretado
Em bandeiras de times hasteadas
Em camisas em sangue arrancadas
Setenta e seis já passou e eu não estive lá
Estou aqui e isso é o que importa
Não engulo a violência enquanto muitos suportam
Não vou me entregar por pequenas bobagens
Promovidas pela violência