Velha senhora, não nasceu agora
Um troco errado, uma propina em dólar
Aproveita a distração na fila do mercado
Dinheiro na cueca, muito bem guardado
Velha senhora, não nasceu agora
Como o próprio nome diz
Irresistível como nunca antes
Na história desse país
E quando pensam que ela anda sumida
É que ela sai da toca
Velha senhora cai bem
Somente quando convém
E não duvide ela tem muitos amigos
Nunca sai da moda
Velha senhora pra quem?
Ela não poupa ninguém!
Velha senhora, não nasceu agora
Parou na vaga de idoso, sem demora
Nomeia pai, irmão, filha e até cunhado
Adora gatos: luz, água e TV a cabo
Velha senhora, não nasceu agora
Como o próprio nome diz
Verba da merenda é farra do guardanapo
Num restaurante em Paris
Nove entre dez brasileiros odeiam pesquisas de opinião
Mas índices e margens de erro influenciam sua decisão
Sentem-se grandessíssimos idiotas a cada escândalo na televisão
Cansados, acordam gigantes e ocupam as ruas em multidão
Em tempos como estes é difícil manter o otimismo
Representantes eleitos desviam verbas
O cidadão fica à beira do abismo
Propina, caixa dois, extorsão e nepotismo
O repertório é sujo e vasto
Falta caráter, sobra cinismo
Mas se você achar que o povo tá derrotado
Saiba, corrupto, que ainda estão rolando os dados
No fim das contas, você não engana, não adianta
Quem já vendeu um almoço pra poder comprar uma janta
Delações premiadas forçam a cobra a morder o próprio rabo
Uma hora seus esquemas vão acabar indo pro saco
Eu disse
Uma hora seus esquemas vão acabar indo pro saco
E nesse dia, acredite
Você vai acordar vendo o sol nascer quadrado!
E quando pensam que ela anda sumida
É que ela sai da toca
Velha senhora cai bem
Somente quando convém
E não duvide ela tem muitos amigos
Nunca sai da moda
Velha senhora pra quem?
Ela não poupa ninguém!